sábado, 13 de março de 2010

O sucesso de uma campanha hoje depende de dinheiro, e não das idéias do candidato (José Eduardo Cardoso (PT-SP)

Secretário do PT desiste de tentar reeleição à Câmara

Reconhecendo-se 'desestimulado' a continuar no cargo de deputado federal, o secretário-geral do PT, José Eduardo Cardozo (SP), desistiu da disputa pela reeleição. Em comunicado divulgado em seu site pessoal hoje, Cardozo ressaltou que sua decisão é de foro íntimo, sem se prender 'a uma avaliação de descaso com a vida parlamentar' ou 'a divergências políticas'. No decorrer do comunicado, contudo, fez críticas ao abuso do poder financeiro nas campanhas e à interpretação jurídica dada às regras eleitorais.

No documento, o secretário-geral afirmou que desde a última campanha eleitoral, em 2006, já 'achava difícil a possibilidade de vir a participar de uma nova eleição à Câmara dos Deputados'. Na época, cobrava uma reforma 'radical' do sistema político. O motivo de sua insatisfação com a vida parlamentar, de acordo com ele, está ligado à importância dada aos recursos financeiros na promoção de campanhas vitoriosas.

'São disputas onde os recursos cada vez mais decidem o sucesso de uma campanha, onde apoios eleitorais não são obtidos pelo convencimento político das ideias, pelo programa ou pela própria atuação do candidato proporcional, mas quase sempre pelo quanto de estrutura financeira ele pode distribuir', criticou. O deputado destacou que se empenhou na realização de uma reforma. 'Tinha e tenho consciência de que somente uma reforma política aguda poderia romper com a cultura dominante, forçando a diferenciação do joio do trigo pela sociedade. Mas, junto com outros companheiros de luta, fui derrotado', acrescentou.

Cardozo também reclamou dos órgãos responsáveis pela fiscalização das campanhas. Segundo ele, as interpretações dadas às regras eleitorais são 'rígidas' e 'formais', o que leva 'os mais sérios candidatos' a sofrerem 'pesadas punições'. O parlamentar comparou ainda as penas imputadas a políticos 'sérios' e aos 'corruptos'. 'Um político sério no Brasil pode vir a ser punido ou mesmo correr o risco de perder o seu mandato. Já os corruptos cuidadosos, que podem pagar bons e caros técnicos que os assessoram, costumam não cometer erros desta natureza. Bem assessorados, quase sempre saem "limpos" das disputas eleitorais', criticou.

O parlamentar negou a hipótese de se afastar da militância política e anunciou que trabalhará 'ativamente' na campanha da pré-candidata do PT, a ministra Dilma Rousseff, rumo à sucessão no Palácio do Planalto. A assessoria de Cardozo informou que o nome do deputado vai integrar a equipe de coordenação de campanha de Dilma. 'Estarei me dedicando de corpo e alma a esta campanha presidencial e trabalhando com a possibilidade de termos, em Dilma, a primeira mulher presidente da República.'

Eleito em 2006 com 124.409 votos, Cardozo exerce desde 2008 o posto de secretário-geral do partido. No ano passado, pleiteou o cargo de presidente da legenda, em substituição ao deputado federal Ricardo Berzoini (SP). Angariou apenas 81.372 votos, 17,2% do total, e foi vencido pelo ex-presidente da Petrobras Distribuidora, José Eduardo Dutra.

Insatisfação

Na avaliação de lideranças do PT, a desistência de Cardozo nasceu de sua discordância em relação ao retorno ao comando do partido de antigos dirigentes da legenda envolvidos no escândalo do mensalão. Outros petistas cogitam o interesse de Cardozo em um ministério de um eventual terceiro mandato do PT no Palácio do Planalto, o que a assessoria do deputado nega.

No início deste ano, o nome de Cardozo foi cogitado para assumir o Ministério da Justiça, substituindo Tarso Genro, que se afastou do cargo para tocar a candidatura ao governo do Rio Grande do Sul. 'Cardozo ficou frustrado quando perdeu o posto para o secretário-executivo Luiz Paulo Barreto. Queria muito ser ministro', disse uma liderança petista.

Diario da Manhã

domingo, 7 de março de 2010

Valter Pereira diz que compra de voto pode ‘alterar’ resultado em prévias do PMDB


Celso Bejarano

O senador Valter Pereira, que disputa hoje com o deputado federal Waldemir Moka a vaga ao Senado pelo PMDB, disse que o resultado das prévias deve ser influído pela compra de votos.

Pereira acha que os apoiadores de seu adversário, Moka, estariam comprando por R$ 50 o voto dos filiados peemedebistas. Isso estaria acontecendo em Campo Grande e Três Lagoas.

O deputado não quis comentar a denúncia. “Vou vencer e disputar o Senado”, afirmou Moka.

A compra de voto, segundo Valter Pereira, estaria ocorrendo num estacionamento, em frente ao colégio Joaquim Murtinho, na Avenida Afonso Pena, local de votação das prévias, em Campo Grande. Nesse local ao menos 2,5 mil filiados devem indicar se Moka ou Valter Pereira deve disputar o Senado pelo PMDB.

Embora o PMDB conte com 40 mil filiados, o comando do partido acredita que entre 8 e 12 mil votem hoje. O baixo índice de participação, segundo os partidários, ocorre porque a votação não é obrigatória.

O estacionamento citado pelo senador, o Nossa Senhora Aparecida, foi reservado aos filiados do PMDB, simpatizantes de Moka. Pela manhã entrava lá apenas os veículos com o adesivo do deputado.

“Isso é um absurdo, como é que vamos comprar votos de filiados?”, chiou um peemedebista ligado a Moka, que ajudava na manobra dos carros.

“É só entrar lá e sair com uma oncinha [cédula de R$ 50 reais, no caso]. Quando o processo de escolha em prévias é maculado pelo uso da máquina, como a compra de votos, é de discutir a legitimidade da disputa”, disse o senador.

Valter Pereira disse ainda que mesmo com a suposta compra de voto, ele deva vencer a disputa. “Não estou dizendo que vou perder, mas isso tudo deve mexer no resultado. A derrota faz parte da democracia, mas não desse jeito. Numa disputa normal eu teria medo do resultado, mas assim...”, disse ele, que não pretende tocar adiante a sua denúncia, no caso, denunciar o episódio a Justiça eleitoral.

Valter Pereira reclamou também que estaria sendo prejudicado na disputa com Moka pelas influências do “primeiro damo de Três Lagoas e a primeira dama de Campo Grande”.

No caso, segundo o senador, o marido da prefeita de Três Lagoas, Simone Tebet e a mulher do prefeito Nelsinho Trad (Campo Grande), Antonieta Trad, estariam influindo na decisão dos servidores, ou seja, orientando-os a votarem em Moka.

O deputado não quis também comentar essa declaração.

Vitória

Já o deputado Moka, que não quis rebater a denúncia, disse que vence Pereira nas prévias principalmente com os votos do interior do Estado.

Ele afirmou que “trabalhou forte” sua candidatura no mês de janeiro, quando visitou todos os municípios do Estado. “Nas últimas eleições tive cento e poucos mil votos, 85 mil dos quais conquistei no interior”, disse o parlamentar.

Os dois candidatos, que hoje cedo cumprimentavam os filiados na escola Joaquim Murtinho, não revelaram suas intenções políticas em caso de derrota