quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Quatro ministros votam contra doação de empresas nas eleições; julgamento está suspenso

Lei permite que pessoas jurídicas doem até 2% de seu faturamento no ano antes da eleição
  •   Filippo Cecilio, do R7
Zavascki pediu vistas e julgamento não tem prazo para recomeçar Agência Brasil
Na sessão desta quinta-feira (12) do STF (Supremo Tribunal Federal), os ministros Dias Toffoli e Luís Roberto Barroso acompanhara os colegas Joaquim Barbosa e Luis Fux e votaram pela inconstitucionalidade das doações de empresas a partidos e candidatos.
São necessários ao menos seis votos para que a ação proposta pela OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) seja considerada procedente.
Apesar do placar favorável à derrubada dos artigos da legislação que permitem doações de pessoas físicas e jurídicas para campanhas de partidos políticos e candidatos, o resultado final terá de esperar.
O julgamento foi suspenso por um pedido de vista formulado pelo ministro Teori Zavascki e não tem data para recomeçar.
Leia mais notícias no R7
Para Barroso, o atual modelo de financiamento favorece a corrupção e a extorsão não explícita de obtenção de recursos das empresas.
— Se o peso do dinheiro é capaz de desigualar as pessoas, é porque o modelo atual de financiamento apresenta problemas.
Já Toffoli, em seu voto, alegou que autorizar doações de campanha por pessoas jurídicas resulta em influencia do poder econômico nas eleições.
— É admitir a quebra de igualdade política no processo eleitoral. O financiamento público de campanha surge como a única alternativa de maior equilíbrio e lisura das eleições.
Pela regra em vigor, as empresas são autorizadas a doar até 2% do faturamento bruto do ano anterior ao da eleição, enquanto que para as pessoas físicas as quantias ficam limitadas a 10% do rendimento bruto do mesmo período.
Pela legislação atual, pessoas jurídicas podem até 2% de seu faturamento bruto do ano anterior ao das eleições. Pessoas físicas também podem doar, no limite de 10% do rendimento.
Esse dinheiro faz parte do Fundo Partidário, que é distribuído aos partidos de acordo com seu tamanho na Câmara dos Deputados. No entanto, as empresas privadas também podem doar diretamente às legendas.

sábado, 28 de setembro de 2013

Saiba como funciona a distribuição do Fundo Partidário

 
Publicado por Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso (extraído pelo JusBrasil) - 2 anos atrás

         
Criado juntamente com a Constituição Brasileira de 1988, o Fundo Partidário Nacional nasceu com o objetivo de fortalecer os partidos políticos, garantido a diversidade e a autonomia financeira das legendas. Atualmente existem 27 partidos políticos registrados no Tribunal Superior Eleitoral, todos aptos a receber parte do montante destinado ao Fundo.
Os recursos do Fundo são provenientes do orçamento da União. O Fundo Partidário Nacional também recebe recursos provenientes de multas, como aquelas pagas pelos eleitores em situação irregular, e as que são originadas em condenação judicial eleitoral de políticos e candidatos.
Conforme o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), cerca de R$ 155 milhões do orçamento da União foram destinados ao fundo em 2009, que recebeu ainda 30 milhões de reais provenientes de multas. Em 2010, ano eleitoral, a quantia destinada ao Fundo Partidário Nacional superou R$ 200 milhões, sendo R$ 160 milhões provenientes do orçamento obtido por meio da arrecadação de impostos e mais de R$ 40 milhões derivados das multas eleitorais.
A legislação eleitoral garante total autonomia aos partidos políticos, que fazem uso dos recursos considerando as decisões internas. A mesma legislação traz como obrigação a prestação de contas anuais que, em se tratando de diretório nacional, são apreciadas pelo Tribunal Superior Eleitoral. A lei obriga ainda que os diretórios estaduais apresentem anualmente os demonstrativos de gastos ao Tribunal Regional Eleitoral da federação, enquanto os diretórios municipais devem apresentar as contas ao cartório eleitoral da sua cidade.
Nas eleições gerais de 2010, os partidos políticos que decidiram utilizar os recursos do fundo partidário nas campanhas eleitorais são obrigados a apresentar uma prestação de contas específica, trazendo os gastos realizados como o fundo partidário.
A DISTRIBUIÇÃO DOS RECURSOS
A forma de distribuição dos recursos continua sendo objeto de discórdia entre os partidos políticos, principalmente entre aqueles cuja representação parlamentar no Congresso Nacional é reduzida.
Em 1995, foi aprovada a Lei nº 9.096, que associou os critérios de distribuição dos recursos do fundo à chamada cláusula de barreira, dispositivo legal que restringia o funcionamento parlamentar, bem como o acesso aos recursos, somente para os partidos que obtinham 5% dos votos válidos do país. Os votos também deveriam atingir, pelo menos, um terço dos Estados brasileiros, com o mínimo de 2% do total de votos em cada uma das unidades da Federação.
O art. 41 da Lei estabelecia então que a distribuição atenderia o seguinte critério: 1% do total dos recursos seria distribuído de maneira uniforme. 99% dos recursos pertencentes ao Fundo seriam distribuídos de maneira proporcional, observando a representatividade das agremiações políticas no Congresso Nacional.
O dispositivo legal teria validade a partir da composição política do Congresso empossado em 2007. Contudo, no final de 2006, o Supremo Tribunal Federal, em decisão proferida no julgamento de duas Ações de Declaração de Inconstitucionalidade movidas por diversos partidos políticos, declarou que o artigo que regulamentava a distribuição dos recursos feria os dispositivos constitucionais da nação.
Ainda em 2007, o Congresso Nacional aprovou a Lei nº 11.459, que foi sancionada pelo Presidente Luis Inácio Lula da Silva. No texto, ficou decidido que os recursos do Fundo seriam divididos considerando os seguintes critérios: 5% dos recursos divididos igualitariamente entre os partidos registrados no TSE, 95% do restante divididos considerando-se a proporcionalidade das agremiações partidárias no Congresso. Atualmente, é este o critério que vem sendo aplicado.
PARTIDOS DE MATO GROSSO TAMBÉM RECEBEM RECURSOS DO FUNDO
O diretório nacional tem total autonomia para gerir e definir a forma de utilização dos recursos do fundo partidário. Não existe na legislação eleitoral dispositivos que obriguem a distribuição do dinheiro para os diretórios estaduais e municipais, mas é comum a transferência de recursos entre as instâncias partidárias.
Em Mato Grosso, os recursos do fundo partidário nacional de 2009 chegaram para 11 partidos. Em 2008, apenas nove siglas receberam investimentos dos respectivos diretórios nacionais.
Apesar de se tratar de recurso público, não é incomum encontrar diretórios regionais que não prestam contas, ou que apresentam as informações com comprovantes irregulares, o que leva o Tribunal Regional Eleitoral a aplicar sanções como multas e suspensão temporária do repasse do Fundo Partidário Nacional. Somente este ano, mais de dez diretórios estaduais tiveram as contas reprovadas.
Abaixo, os valores recebidos pelos partidos políticos de Mato Grosso, em 2008 e 2009:
2009
Ord. Diretório Regional Beneficiário Montante de Fundo Partidário Recebido da Direção Nacional Distribuição de Fundo Partidário às Direções Municipais
1. DEM 188.000,00 0,00
2. PR 25.289,60 0,00
3. PMDB 400.736,90 0,00
4. PP 101.000,00 0,00
5. PSB 63.155,77 0,00
6. PSDB 218.497,52 0,00
7. PT 105.125.04 0,00
8. PTB 13.600,00 0,00
9. PDT 39.000,00 0,00
10. PPS 15.000,00 0,00
11. PSOL* 14.712,66 0,00
Fonte: SCI/COEPA/TSE
2008
Ord. Diretório Regional Beneficiário Montante de Fundo Partidário Recebido da Direção Nacional Distribuição de Fundo Partidário às Direções Municipais
1. DEM 199.000,00 0,00
2. PR 75.868,80 0,00
3. PMDB 306.261,06 0,00
4. PP 105.000,00 0,00
5. PSB 93.703,54 0,00
6. PSDB 234.981,20 0,00
7. PT 90.915,51 0,00
8. PTB 35.300,00 0,00
9. PDT 33.000,00 0,00
Fonte: SCI/COEPA/TSE

Produtos com até 95% de Desconto! Frete Grátis Acima de R$ 29,99

Amplie seu estudo

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Em Fortaleza, presidente da OAB defende reforma política já para 2014

Ordem dos Advogados do Brasil propõe fim das doações eleitorais por empresas, limite de contribuição individual, dois turnos em eleições parlamentares e liberdade de expressão na Internet durante campanhaDIVULGAÇÃO
OAB promoveu debate sobre ideias para reforma política
Compartilhar

O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Marcos Vinícius Furtado, defendeu ontem, em Fortaleza, projeto de reforma política para entrar em vigor já nas eleições de 2014. “Se continuarmos com o atual sistema eleitoral, estamos correndo o grave risco de aumentar ainda mais o número de casos de corrupção no País”, disse, ao participar de audiência pública sobre as sugestões de alterações no modelo eleitoral do Brasil, no auditório da Fundação Escola Superior de Advocacia do Estado do Ceará (Fesac).

Ao apresentar os principais itens defendidos pela OAB no projeto de lei “Eleições Limpas”, ele destacou que a população que foi às ruas reivindicar não quer uma nova Constituição, mas sim o cumprimento da Carta que está em vigor. Foi uma referência à proposta da presidente Dilma Rousseff (PT) de convocação de Assembleia Nacional Constituinte exclusiva para tratar da organização política do País.

O projeto de lei defendido pela OAB prevê três mudanças no modelo de eleições: o financiamento democrático de campanhas, com exclusão de empresas das doações para candidatos; voto transparente, que instituiria dois turnos de votação nas eleições para o Poder Legislativo - um turno em lista fechada e outro com voto no candidato; e a liberdade de expressão na Internet, sem restrições ao debate nas redes sociais.

“O projeto de lei que defendemos é para o próximo ano. Não é possível mais uma campanha eleitoral com as atuais regras, que estimulam o caixa dois nas campanhas eleitorais e a compra de voto”, criticou Furtado.

O projeto propõe ainda pena de detenção e cassação de mandato para quem praticar caixa dois - ou seja, financiamento de campanha por fora da contabilidade oficial.

Marcus Vinícius afirma que a OAB trabalha por uma reforma politica que não altera a Constituição, apenas agregue melhorias.

A reforma ainda prevê uma fiscalização mais acentuada sobre os partidos políticos. “A mesma fiscalização que as eleições têm, terão os partidos”, defende Furtado, que ainda cita entre os propósitos da reforma diminuir os custos de campanhas eleitorais.

SERVIÇO

Conheça o projeto Eleições Limpas
Site: eleicoeslimpas.org.brProjeto: http://bit.ly/1c15r7U


Projeto Eleições Limpas

Financiamento democrático nas campanhas eleitorais
A ideia é excluir as empresas do financiamento de campanhas politicas. Apenas pessoas físicas poderiam colaborar com as candidaturas. O valor máximo para doações seria de R$ 700,00.

Voto transparente
Eleições para o Poder Legislativo hoje realizadas pelo modelo proporcional - deputados federais, deputados estaduais e vereadores - passariam a ser realizadas em dois turnos. No primeiro turno, os partidos apresentariam todas as suas propostas e ideias, junto com sua lista fechada de candidatos. Nesta etapa, a população elegeria os partidos com os quais mais se identifica. No segundo turno, a população votaria no candidato de sua preferência. O partido com mais votos no primeiro turno teria direito de colocar mais candidatos para escolha da população, o que significaria mais representantes no Parlamento.

Liberdade de expressão na Internet
A ideia seria remover pontos da legislação que restringiriam garantem a liberdade de expressão na Internet durante período de campanha.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

OAB lança campanha para eleições limpas no Brasil

Entre as discussões, a ordem busca uma nova regulamentação para vetar o financiamento das campanhas eleitorais por pessoas jurídicas

Diário do Sudoeste Marcelo Coan
A principal bandeira da OAB é buscar uma nova regulamentação para financiamento das campanhas eleitorais (Foto: Maya Diaz/Diário do Sudoeste)
Nesta segunda-feira (24), durante um ato público em Brasília, o Conselho Federal da OAB lançou uma campanha por eleições limpas no Brasil. A intenção é iniciar a coleta de assinaturas para o anteprojeto de lei de iniciativa popular que busca uma reforma política no país.
Embora existam vários pontos a serem discutidos, o presidente da OAB-PR, Juliano Jose Breda, disse que o ponto fundamental da campanha é a busca por uma nova regulamentação sobre financiamento de campanhas políticas. A ideia é que seja vetada a contribuição eleitoral por pessoas jurídicas.
Além disso, Breda falou que existem outras questões mais complexas da reforma política que serão aperfeiçoadas, por exemplo, a discussão do voto distrital e voto distrital misto.
Sobre o financiamento de campanhas, o presidente da OAB-PR explicou que a ordem já chegou a questionar a constitucionalidade da questão no Supremo. “Acho que este é o início de uma grande revolução no sistema político”.
De acordo com Breda, a OAB entende que o custo das campanhas eleitorais impedem pessoas, que não têm condições financeiras, de participar dos pleitos. Além disso, ele disse que o financiamento de campanhas por pessoa jurídica estimula as contrapartidas públicas aos financiadores, estimula a irregularidade e a corrupção e mantem a representação política refém de todo o sistema econômico.
Na avaliação do presidente da OAB-PR, a redução do alto custo das campanhas eleitorais possibilitaria que todo e qualquer cidadão pudesse participar de um pleito, ou seja, haveria representação política de toda a sociedade. “Isso é o que todos nós esperamos com a reforma política brasileira”, disse ele que explicou que havendo redução dos custos nas campanhas, os valores poderão ser empregados em benefícios para a população. “O custo absurdo do horário eleitoral gratuito, o número gigantesco de partidos e os custos das coligações nas campanhas eleitorais estão sobrecarregando a sociedade de forma desproporcional”.
No Paraná, Breda explicou que a matéria eleitoral já é discutida e agora a ideia é dar destaque amplo da campanha para eleições limpas. “Vamos fazer com que este tema seja ecoado dentro de toda esta manifestação população”.
Outra proposta, apontada pelo Movimento de Combate a Corrupção Eleitoral (MCCE), discute a possibilidade de que as eleições, no primeiro momento, sejam concentradas nos partidos. A intenção seria evitar que candidatos assumam cargos pelas legendas partidárias. Sobre isto, Breda disse que é uma questão polêmica e antes de tomar um posicionamento, a ordem irá ouvir a sociedade para depois opinar. “Em minha opinião a hora é de estimular o debate e não inclinar por uma ou outra opção. Sabemos que não existe modelo perfeito, existem modelos com benefícios e com ônus”, resumiu ele.
Ainda que existam várias questões a serem debatidas, o presidente da OAB-PR deixou claro que a bandeira histórica da ordem é o combate ao sistema atual de financiamento das campanhas eleitorais.
Embora a campanha por eleições limpas no Brasil tenha sido lançada em Brasília nesta segunda-feira (24), Breda explicou que a partir de hoje a ordem discutirá a estruturação do projeto e, na sequência, irá destacar a ação nas 47 subseções do Estado para que a população possa participar com sugestões e opiniões.
Ao fazer o lançamento da campanha, o presidente nacional da OAB, Marcus Vinicius, disse que o objetivo é partir para a coleta das assinaturas e apresentar o anteprojeto à Câmara e ao Senado, aos presidentes das Comissões de Constituição e Justiça e aos lideres partidários.

quinta-feira, 23 de maio de 2013


J O R N A L   D O S   E S T A D O S

NOTÍCIAS DOS ESTADOS, DO BRASIL E DO MUNDO

CLIQUE SOBRE O NOME DO BLOG ESCOLHIDO, A FIM DE ACESSÁ-LO:


NOTÍCIAS DOS 27 ESTADOS DA FEDERAÇÃO

(Edson Nogueira Paim escreveu)

sexta-feira, 3 de maio de 2013

CLIQUE SOBRE O NOME DO BLOG ESCOLHIDO, A FIM DE ACESSÁ-LO:

sábado, 13 de abril de 2013

Em sessão tensa, deputados falam de ‘leilão’ de mandatos e comparam Congresso a um ‘bordel’


Sem nenhum alerta especial à audiência, a TV Câmara transmitiu na noite passada uma programação imprópria para menores. E para maiores também. Os deputados discutiam um projeto que dificulta o nascimento de novos partidos. Empurrada pela mão invisível do Planalto, a proposta escalou a pauta de votações de supetão. Seguiu-se um embate pornográfico.
Líder do PR, Anthony Garotinho escalou a tribuna para defender a proposta. A gravidade das declarações não ornava com a tranquilidade do orador. Há um “leilão” de mandatos parlamentares na Câmara, acusou Garotinho. “A primeira vítima foi o DEM. Quem serão as próximas vítimas? Precisamos coibir o aliciamento de deputados.”
O líder do PPS, Roberto Freire (PE), correu para o microfone de apartes. “A denúncia é grave. Exatamente por denúncias desse tipo, o Brasil viveu o processo por compra de deputados que está próximo do final, com a previsão de cadeia para figuras importantes da República dos tempos de Lula. Essa Casa não aguenta outro mensalão.”
Ex-presidente do DEM, Rodrigo Maia (RJ) ecoou Garotinho. “Meu partido foi estuprado”, disse, referindo-se ao rombo aberto com a debandada de ‘demos’ rumo ao PSD do ex-prefeito paulistano Gilberto Kassab. Primeiro, Kassab levou os quadros do DEM. Depois, por decisão do TSE, corroborada pelo STF, levou um pedaço do cofre (fundo partidário) e outro da vitrine (tempo de tevê).
Sem travas na língua, Silvio Costa (PTB-PE) abriu sua intervenção com um aviso: “Eu não sou como Garotinho, que fala oração sem sujeito.” O plenário pôs-se em alerta. “Se tem uma CPI que eu assinaria com o maior prazer, seria a CPI do fundo partidário. Mas sei que jamais vou conseguir.” A frase requer tradução. CPI: escândalo na área. Fundo partidário: verba pública. “Jamais vou conseguiu”:  ninguém está interessado em investigações.
Dono de estilo teatral, Silvio Costa olha para a câmera: “O senhor e a senhora que nos assistem, prestem atenção. O Tesouro gasta R$ 350 milhões por ano com o fundo partidário.” É desse fundo que vem o dinheiro para o custeio dos partidos –do aluguel de prédios à folha de salários. Didático, Silvio prossegue: “Existem pequenos partidos que não têm aqui nenhum deputado. Mas recebem R$ 3 milhões de fundo partidário.”
Abra-se um parêntese para explicar: uma pequena parcela do fundo (5%) é rateada entre os partidos de forma igualitária. Os restantes 95% são divididos conforme o número de deputados federais eleitos na última eleição. Quanto maior a bancada, mais gorda a coleta.
No caso do PSD, a Justiça decidiu que os deputados que migraram para a legenda tinham o direito de carregar os votos obtidos em 2010. Junto com esses votos, levaram o equivalente em dinheiro do fundo e do tempo de tevê. Ficou entendido que cada deputado traz na testa um código de barras com o valor do seu passe. Fecha parênteses.
Atento ao discurso de Silvio Costa, Garotinho cobrava uma oração com sujeito. “Os nomes, os nomes”, dizia. E o orador: “Ontem, tinha um dono de novo partido aqui. Ele dizia o seguinte: ‘Já consegui 700 mil assinaturas [a lei exige cerca de 500 mil para criação de uma legenda]. Vou dar entrada [no TSE] na próxima semana. Se eu botar 20 a 30 deputados no partido, vou ter R$ 4 milhões de fundo partidário por ano’.” E Silvio: “Isso virou uma indústria.” Garotinho insistia: “Os nomes…”
Silvio Costa seguiu adiante: “O projeto que estamos discutindo aqui não proíbe ninguém de criar partido. Mas não vai levar nem o tempo de televisão nem o fundo partidário. O que eu vi ontem aqui me deu vergonha. Dois meninotes, cara de maloque, vão botar 20 a 30 deputados no partido. Isso é pilantragem”.
Como Garotinho insistisse em cobrar “os nomes”, Silvio Costa decidiu atendê-lo parcialmente: “Vou dizer os nomes”. Um frisson correu o plenário. A mesa ameaçou cortar o som do microfone. “Vou dizer. E quem quiser que me processe”. Nesse-diz-não-diz o deputado terminou dizendo apenas uma sigla: “É POS, Partido da Ordem Social.”
Ao observar o rumo da prosa, Espiridião Amin (PP-SC) mandou buscar um livro na biblioteca da Câmara. “Os Credores do Mundo”, eis o nome da obra. Amin leu frase atribuída a um assessor econômico de John Kennedy, crítico do modo como os EUA exigiam de nações subdesenvolvidas o cumprimento das regras do FMI.
Amin deu voz ao ex-auxiliar de Kennedy: “Ao pregar ortodoxia fiscal, nós, dos EUA, ficamos mais ou menos na situação da prostituta que, tendo se aposentado com o dinheiro que ganhou, acha que a virtude pública exige o fechamento da zona.” Amin concluiu, agora com suas próprias palavras: “Nós, com a votação desse texto que prega a ortodoxia eleitoral— estaremos fechando o mercado. Ou a Zona. Por isso, recomendo à minha bancada o voto ‘sim’.”
Roberto Freire abespinhou-se. Referindo-se ao PSD, partido criado por Kassab sob estímulos do Planalto, o líder do PPS foi à jugular: “Quando o Bordel era para as prostitutas do governo, ficou aberto. Agora, o Espiridião quer dar uma de moralista. Como a Dilma e o Lula têm medo do que pode acontecer do ponto de vista politico, fechemos o bordel. Não concordo com essa terminologia. Essa Casa não é bordel. É um poder e merece respeito.”
Presidente do PPS, Freire comandará neste final de semana um encontro nacional de sua legenda. Estava entendido que o PPS firmaria com o nanico PMN um acordo que resultaria na fusão das duas legendas. O nome seria trocado. E haveria na praça um novo partido, apto a receber políticos de outras agremiações sem o risco de perda dos mandatos.
Como o PPS prepara-se para enganchar o seu futuro à candidatura presidencial do emergente Eduardo Campos, estima-se que o cheiro de “novo” teria potencial para seduzir algo como duas ou três dezenas de parlamentares –com suas respectivas cotas de fundo partidário e de propaganda televisiva. O planalto decidiu levar o pé à porta.
Além do PPS, a manobra do governo inibe a formação da Rede, a nova legenda que Marina Silva tenta fundar. Envolvidos no projeto, os deputados Walter Feldeman, momentaneamente no PSDB, e Alfredo Sirkis, que faz as malas no PV, queixaram-se da “casuística” troca de regras no meio do jogo.
Falando em nome do PSOL, Chico Alencar resumiu a encrenca no idioma dos puteiros. “É evidente que aqui, para continuar nessa linguagem não muito feliz do borded e da zona, o que vai se estabelecer é o seguinte: quem comeu comeu, quem nao comeu não come mais.”
Foi a voto um pedido de urgência para a tramitação do projeto. A “urgência”é essencial para que o texto possa furar a fila dos demais projetos. Para que o requerimento passasse, eram necessários pelo menos 257. Eis o placar: 247 a favor, 20 contra e 9 abstenções.
Faltaram dez votos para que os empata-partidos prevalecessem. O projeto voltará à pauta na semana que vem. Para desassossego de Marina Silva e dos potenciais aliados de Eduardo Campos, não são negligenciáveis as chances de aprovação. Agora pelo menos a platéia já está avisada de que precisa tirar as crianças da sala.
- Ilustração:
Miran Cartum.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

A inconveniência das doações eleitorais por empresas

 
“Em lugar de se voltar à regulação, à prestação de serviços públicos e à elaboração de políticas de inclusão, o Estado se converte no principal provedor de empresas milionárias, recompensando-as por seus ‘serviços eleitorais’ por meio de licitações fraudulentas ou da contaminação das decisões do Parlamento ou do Executivo”



As eleições 2012 acabaram. Fora algumas pendências judiciais localizadas, os prefeitos e vereadores de todos os municípios brasileiros foram escolhidos e empossados.
Em muitos lugares, entretanto, o resultado eleitoral pode não ter sido alcançado da forma mais democrática. É que assistimos outra vez ao festival de doações feitas por empresas diretamente interessadas no resultado do pleito.
Empreiteiras, bancos e a indústria da mineração figuram sempre entre os maiores doadores. Todas têm em comum o fato de manterem relações estreitas com o Poder Público, cujas opções políticas e contratos definirão quem lucrará mais.
Segundo dados da Folha de S. Paulo (edição de 29.11.2012), apenas três empreiteiras investiram R$ 151,7 milhões dos R$ 637,3 milhões recebidos pelas siglas. Trata-se de dinheiro doado diretamente aos partidos e que não se pode saber ao certo a que candidatos beneficiaram. Essa manobra é conhecida como “doação oculta”, já que priva os eleitores de saberem, antes do pleito, quem fora auxiliado pelas empreiteiras ao longo da campanha.
Eleitos receberam R$ 158 milhões em doações ocultas
Nesse campo, o setor privado não é tão privado assim. Em lugar de se voltar à regulação, à prestação de serviços públicos e à elaboração de políticas de inclusão, o Estado se converte no principal provedor de empresas milionárias, recompensando-as por seus “serviços eleitorais” por meio de licitações fraudulentas ou da contaminação das decisões do Parlamento ou do Executivo.
O certo é que o dinheiro é decisivo para o alcance dos resultados eleitorais positivos. Estudo de Leany Barreiro Lemos, Daniel Marcelino e João Henrique Pederiva, analisando as disputas para a Câmara dos Deputados e para o Senado nos anos de 2002 e 2006 concluiu que “os candidatos vencedores gastaram, em média, cinco vezes mais do que os adversários” (“Porque dinheiro importa: a dinâmica das contribuições eleitorais para o Congresso Nacional em 2002 e 2006. Revista Opinião Publica”).
Isso significa, em linguagem clara, que o volume de doações impacta decisivamente os resultados eleitorais. Daí que a conquista dos grandes doadores pode ser a diferença entre a vitória e a derrota no pleito. E o pior é que, uma vez eleito, o beneficiário se sentirá obrigado a atender bem o seu doador. Assim pode ter esperança de voltar a ser ajudado nas eleições seguintes.
O resultado dessa relação é perverso e foi recentemente demonstrado em pesquisa realizada por Taylor C. Boas, F. Daniel Hidalgo and Neal P. Richardson, da Universidade do Texas: cada real doado ao longo das campanhas retorna às empresas doadoras multiplicado por 8,5.
Segundo os autores, “ao doarem para candidatos aptos a vencer as eleições, empresas brasileiras que prestam serviços ao poder público podem aumentar o valor recebido em virtude dos contratos com o governo durante o período legislativo subsequente. A extensão deste impulso nas empresas que atuam setor público – pelo menos 8,5 vezes o valor doado e possivelmente mais se for considerado todo o período do mandato, além do nosso intervalo de pesquisa de 33 meses – mantém relação com a taxa de propina que as empresas informam terem oferecido a políticos para a obtenção de contratos no passado. Neste sentido, os nossos resultados confirmam a sabedoria convencional de longa existência no Brasil. Segundo nosso conhecimento, no entanto, este estudo é o primeiro a demonstrar que o jogo da doações-por-contratos no Brasil se estende além dos incidentes bem divulgados que foram descobertos por investigações policiais e comissões parlamentares de inquérito. Para cada empresa e político pego em flagrante, há muitos mais, cujo conluio voa sob a tela do radar. Usar doações de campanha para comprar contratos de obras públicas faz – infelizmente, mas, provavelmente, não surpreendentemente - parte integrante da democracia brasileira” (The spoils of victory: campaign donations and government contracts in Brasil. Hellen Kellog Institute for International Studies).
Muitos outros estudos nos ajudam a compreender essa conta que não fecha para a sociedade. Mas uma coisa podemos desde logo concluir: democracia não é isso. O objetivo das empresas é o lucro e essa essa meta de forma alguma é esquecida durante as campanhas.
Além dessas razões práticas, há razões constitucionais claras para se proibir doações com essa origem. Recentemente, a ministra Cármen Lúcia, presidente do Tribunal Superior Eleitoral, afirmou que “não há por que empresa fazer financiamento de campanhas. Esse é um dado que precisa mesmo ficar às claras. Pessoa jurídica não deveria contribuir, porque não é cidadão”.
Com efeito, tramita no Supremo Tribunal Federal ação direita de inconstitucionalidade movida pela Ordem dos Advogados do Brasil em que se busca justamente a abolição da intromissão das empresas no financiamento das campanhas.
De qualquer modo, não haverá uma Reforma Política real sem a superação das graves distorções provocadas pelas doações por pessoas jurídicas. Precisamos, país, superar essa etapa que, ante os olhos da sociedade, já não mais possui qualquer justificativa.